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sexta-feira, 30 de maio de 2008

AS DUAS IRLANDAS

As Ilhas Britânicas são na verdade uma continuação física do velho continente Europeu. O bloco continental que forma a Europa fica com a superfície submersa na região do Canal da Mancha, que separa as Ilhas Britânicas do litoral da Europa.




Imagem de satélite da Europa: no meio da imagem, à esquerda, observa-se o Arquipélago Britânico, ...


que é separado da Europa pelo Estreito de Dover. De Dover, na Inglaterra, até o cabo Gris-Vez, na região de Calais, que fica no norte da França, são 33 quilômetros de mar


O arquipélago britânico é formado por 6 mil ilhas. As duas maiores e mais importantes são a Grã-Bretanha e a Irlanda. A Grã-Bretanha é a maior, e possui 244 mil quilômetros quadrados. Já a Irlanda, bem menor, tem uma área de 84 mil quilômetros quadrados.



Os primeiros habitantes que originaram a população da Irlanda foram os Celtas, os mesmos que originaram a maioria da população da França. Já a Grã-Bretanha, é formada pela Inglaterra dos bretões, pelo País de Gales dos galeses, e pela Escócia dos escoceses.



A Irlanda foi cristianizada a partir do século 5, mas os irlandeses nunca formaram um reino único. Já em seu início, a ilha foi dividida pelos irlandeses em quatro reinos fracos, o que culminou com a dominação da Irlanda pelos reis ingleses, a partir do ano de 1171.



Em 1534 na Inglaterra, a Reforma Anglicana tornou o protestantismo a religião oficial inglesa, também seguida no Pais de Gales e na Escócia. Na ilha da Irlanda, ao norte, alguns ingleses e galeses que lá viviam, passaram a seguir o anglicanismo protestante, porém, os irlandeses daquela região, decidiram continuar católicos, a fim de que sua identidade cultural e nacional permanecessem preservadas apesar da dominação inglesa.



As duas maiores ilhas do arquipélago britânico: Grã-Bretanha, a direita, que abrange os territórios da Inglaterra, do País de Gales e da Escócia, ao norte. A Irlanda, à esquerda em amarelo e roxo, é a segunda maior ilha do arquipélago



bandeira do País de Gales

bandeira da Inglaterra



bandeira da Escócia




A união entre as bandeiras da Inglaterra e da Escócia, mais a antiga bandeira da ilha da Irlanda, dominada inicialmente por inteiro pela Grã-Bretanha, originou a bandeira do Reino Unido





Reino Unido



Para promover o fortalecimento de sua dominação na Irlanda, a Inglaterra cedeu para imigrantes escoceses e ingleses, terras que pertenciam a irlandeses. O ato era chamado de Plantation, e concentrava nas mãos dos colonizadores ingleses, extensos latifúndios cultiváveis. Essa política provocou a revolta inicial dos irlandeses contra a rainha inglesa Elisabeth I (1558-1603).



Em 1847 e 1848, a Irlanda foi devastada pela Grande Fome, que foi uma praga generalizada nas plantações de batatas, que eram o alimento básico da grande parcela da população de pobres irlandeses. Num total de 8,5 milhões de irlandeses católicos, 800 mil morreram de inanição na ocasião.



O governo inglês não tomou nenhuma providencia para tentar controlar a devastação causada pela fome. Milhões de irlandeses emigraram para os Estados Unidos. A população da Irlanda foi reduzida para 4 milhões de habitantes em 1900.



Os protestantes ingleses, em número de 750, eram donos de mais de 50% das terras cultiváveis irlandesas. Os católicos controlavam apenas 14% destas terras, por meio de pequenas propriedades.



As indústrias da Irlanda, concentradas ao norte, também eram controladas por ingleses, escoceses e galeses que, em função da forte imigração operária, eram a maioria na região norte da irlanda. Em 1916, no domingo de Páscoa, ocorreu uma revolta irlandesa nacionalista, que foi dominada pelo exército inglês após sangrentos confrontos.



Em 1919, os parlamentares irlandeses eleitos nas eleições gerais do Reino Unido inglês não aceitaram fazer parte da Câmara dos Comuns, que incluía representantes da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda. Os representantes da Irlanda decidiram formar um parlamento paralelo, chamado de Dáil Éireann, que expediu imediatamente a Declaração Unilateral de Independência da proclamada República Irlandesa, mas o ato não foi reconhecido internacionalmente.



As tropas britânicas e os voluntários da Irlanda do Norte entraram em ação. Foram dois anos de conflitos militares e ataques terroristas com bombas, na chamada Guerra Anglo-irlandesa, ou Guerra da Independência da Irlanda.



Em 1921, o governo do Reino Unido e líderes da Irlanda firmaram um acordo no tratado Anglo-Irlandês, que reconhecia o estado livre da Irlanda, correspondente a 85% do território da ilha irlandesa, e o Ulster, que representa 15% do território da Irlanda e, sendo também chamado de Irlanda do Norte, permaneceu controlado pelo Reino Unido da Grã-Bretanha, já que a maioria de sua população é formada por protestantes escoceses e ingleses, e uma minoria de irlandeses católicos.


Domínio inglês sobre a Irlanda do Norte, que também pertence ao Reino Unido




bandeira da Irlanda do Norte




Após o reconhecimento, o estado da Irlanda foi integrado à Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth), mas os irlandeses nunca tiveram um sentimento de união política e econômica com o Reino Unido. Na Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), os outros membros da Commonwealth (Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Canadá) participaram do conflito como aliados do Reino Unido. A Irlanda permaneceu neutra.





Em 1949, a Irlanda deixou de participar da Commonwealth, e proclamou sua total independência, com o nome de República da Irlanda ou Eire, que quer dizer ilha em seu idioma original céltico.













bandeira da República da Irlanda, que é a porção sul da ilha irlandesa, e abrange 85% de seu território




Dublin, capital da República da Irlanda


Como a República da Irlanda era um país agrário, com reduzidas oportunidades econômicas, muitos católicos migraram para a Irlanda do Norte, em busca de trabalho nas indústrias ligadas ao Reino Unido, e concentradas naquela região. Hoje, os católicos constituem 40% da população total da Irlanda do Norte, e sofrem intensa discriminação por parte dos 60% protestantes da população, ligados à Grã-Bretanha.





Em 1956, foi criado na República da Irlanda o IRA (Irish Republican Army) ou Exército Republicano Irlandês, que é uma organização terrorista que reivindica a unificação entre a República da Irlanda (Eire) e os seis condados que formam a Irlanda do Norte (Ulster). O IRA já executou vários atentados à bomba e assassinatos de autoridades britânicas e membros das lideranças protestantes da Irlanda do Norte. A principal ação do IRA foi a explosão, em 1979, da lancha pilotada pelo tio da rainha Elisabeth II, e considerado, na Inglaterra, herói da Segunda Guerra Mundial, almirante lorde Mountbatten.






Embora o IRA tenha sido criado oficialmente em em 1956, voluntários que defendiam a República da Irlanda durante a Guerra da Independência da Irlanda, no início da década de 1920, já eram chamados de membros do IRA (Exército Republicano Irlandês)


As reações das forças de segurança do Reino Unido e dos protestantes da Irlanda do Norte também já provocaram muitas mortes entre a população católica da República da Irlanda. O episódio mais conhecido aconteceu em 1972, quando 14 civis católicos foram mortos por soldados ingleses em Belfast. O Fato ficou conhecido como "Domingo Sangrento", e virou tema de uma canção da banda de rock irlandesa U2.



Ainda em 1972, o governo do Reino Unido colocou a Irlanda do Norte sobre seu controle direto, por meio de uma ocupação militar. Só em 1998, o primeiro ministro trabalhista inglês Tony Blair estabeleceu um acordo entre ele, o primeiro-ministro da República da Irlanda, e os representantes protestantes da Irlanda do Norte, com direito a intevenção do presidente dos Estados Unidos na ocasião, Bill Clinton. O acordo ficou conhecido como Acordo da Sexta-Feira Santa.



No acordo, ficou estabelecida a realização de eleições para a formação de um parlamento na Irlanda do Norte, que indicaria um primeiro-ministro para comandar politicamente a região, que continuaria ligada ao Reino Unido, porém, com certa autonomia. Os católicos passaram a ter o direito de votar na Irlanda do Norte, o que antes não acontecia.



Belfast, capital industrializada da Irlanda do Norte (Ulster), onde foi assinado o Acordo da Sexta-Feira Santa, em 1998


Apesar do acordo, nem o IRA, que quer a unificação entre as duas irlandas e a formação de uma só república, nem os extremistas protestantes, que querem continuar ligados à Grã-Bretanha, resolveram abandonar de vez as armas. Ambos os lados ainda possuem membros extremistas que apostam em ações violentas, a fim de que os resultados derrubem o acordo estabelecido em 1998.



Cássio Ribeiro


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sexta-feira, 23 de maio de 2008

OS MISTÉRIOS DA PEDRA DA GÁVEA

As 13 caravelas com mais de mil homens comandados pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral estavam bem próximas da costa brasileira. Depois de mais de 40 dias navegando pelo Atlântico, os lusitanos avistaram o Monte Pascoal, próximo a Porto Seguro, na Bahia, em 22 de abril de 1500.

Os portugueses então seguiram para o norte e atracaram na baía Cabrália, dois dias depois, em 24 de abril. A primeira missa em território brasileiro foi rezada na manhã do dia 26 de abril, um domingo, pelo frei Henrique de Coimbra. Depois da missa, os portugueses seguiram viagem para as índias.

O início da História do Brasil começa oficialmente no breve relato acima. Pouco é sabido sobre o Brasil antes da chegada de Cabral, mas é certo que a seqüência histórica a partir do Descobrimento revelou alguns enigmas, ainda não muito bem esclarecidos, sobre a suposta estada de povos navegadores da antigüidade na costa Brasileira, muito antes dos portugueses.

Os lusitanos retornaram ao Brasil em 1501, para um reconhecimento mais detalhado da costa das terras recém-descobertas. Navegaram em três grandes caravelas pelo litoral brasileiro entre 10 de maio de 1501 e 7 de setembro de 1502, dando nome aos acidentes geográficos que mais se destacavam na vista que tinham da costa.

Em 1 de janeiro de 1502, os portugueses chegaram ao local que achavam ser a foz de um grande rio, e deram-no o nome de Rio de Janeiro. Porém, na vista do relevo daquele lugar, uma elevação se erguia a partir da beira do mar e se destacava com seu topo de granito, a 842 metros de altitude, ao lembrar o formato das gáveas das caravelas, que eram plataformas nos topos dos mastros, de onde os navegadores buscavam avistar ilhas ou continentes no horizonte. A curiosa formação rochosa acabou batizada com o nome de Pedra da Gávea pelos portugueses.

A singular forma da Pedra da Gávea lembra, mesmo que desgastada pela ação erosiva do tempo, um rosto enrugado, com longas barbas, e que pertence ao corpo de um leão montado no topo do morro. Essa suposta forma de uma antiga esfinge deixou o rei português Dom João 6º ainda mais curioso, quando um grupo de investigadores relatou a existência de estranhos sinais medindo 15 metros de altura por 4 metros de largura, entalhados na rocha do lado direito da 'têmpora' da imensa figura 'humana'.

Em 1839, uma expedição liderada pelo historiador Manoel Araújo Porto Alegre confirmou a localização dos estranhos sinais. A surpresa geral veio a público quase um século depois, em 1928, quando o arqueólogo amazonense Bernardo da Silva Ramos (1858–1931) publicou o livro 'Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, Especialmente do Brasil', onde afirma que os sinais são inscrições fenícias, cuja tradução para o português revela: "Tyro, Fenícia, Badezir, primogênito de Jethbaal". Em 856 Antes de Cristo, Badezir sucedeu o pai no trono da cidade de Tiro, capital da Fenícia, e reinou até 850 AC, quando desapareceu misteriosamente.
Inscrições existentes na "têmpora" direita da suposta "esfinge", e a tradução para o hebraico e o português


Bernardo Ramos revela ainda no livro, que várias palavras indígenas brasileiras possuem origem no antigo idioma fenício. Em vários lugares do Brasil, além da Pedra da Gávea, foram encontradas supostas inscrições fenícias gravadas em rochas.

Em Pouso Alto, na Paraíba, um conjunto dessas misteriosas inscrições teve a curiosa tradução:

'Somos filhos de Caná, de saída, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hiram, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion Geber, no mar Vermelho, e viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por 2 anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui: 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente passam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor'.


Outro achado curioso aconteceu nas margens do lago Pensiva, no Maranhão, onde foram encontrados estaleiros de madeira petrificada, com espessos pregos de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes encontrou utensílios tipicamente fenícios no lugar, na década de 1920. Na ilha de Marajó, foram encontrados tipos de portos tipicamente fenícios, parecidos com muralhas de pedras, iguais aos encontrados na costa do território da antiga Fenícia.


Os fenícios formavam um povo da antigüidade que não possuía exército poderoso e nem se dedicava à literatura, porém, ficaram famosos por serem os melhores navegadores de sua época. Viviam em uma faixa de terra de 200 quilômetros, entre o mar Mediterrâneo e as montanhas do oeste do Líbano, onde havia fartura de madeira de cedro própria para a construção de embarcações.

Ilustração de uma embarcação fenícia


Os fenícios foram influenciados pelas bases da cultura egípcia. No início, os fenícios adoravam rochedos, árvores e pedras negras ovais; depois, passaram a adorar os astros e as forças da natureza, chamados de baals; o Sol era o grande baal. O culto a esses deuses era realizado em templos erguidos em lugares elevados ou perto de nascentes de rios. Na iminência de um grande perigo, ou quando se construía uma cidade ou um templo fenício novo, os fenícios sacrificavam crianças, que eram lançadas vivas aos braços incandescentes da estátua de bronze do Baal, aquecida por uma fornalha.

Navio fenício


Tiro foi a cidade mais importante do império comercial fenício e era chamada de 'A Rainha dos Mares'. Com o propósito de enriquecer sem limites, os fenícios foram grandes negociantes marítimos e piratas ao mesmo tempo. Quando estavam em menor número ao desembarcarem em um lugar, apresentavam suas mercadorias e ficavam satisfeitos com o lucro de suas vendas; mas, se eram numerosos e mais fortes que os habitantes da região onde chegavam, incendiavam e saqueavam os povoados, além de raptarem mulheres e crianças que eram vendidas posteriormente em Tiro, Mênfis e Babilônia.

Como exímios navegadores de seu tempo, os fenícios fundaram importantes cidades como Lisboa, atual capital de Portugal, que era uma colônia fenícia e foi fundada há mais de 3 mil anos, sendo a 2ª cidade mais antiga da Europa, mais antiga do que Roma inclusive, só perdendo para Atenas. A palavra Lisboa é de origem fenícia e queria dizer "bom porto"

Os fenícios também defendiam seu controle absoluto sobre os mares que exploravam, exterminando, sem piedade, seus concorrentes. O apego dos fenícios pelo monopólio do lucro de seu comércio chegava a níveis inimagináveis. Conta-se a história de um navio fenício que ia buscar estanho na Sicília e, ao perceberem que eram seguidos por uma embarcação estrangeira, os fenícios preferiram afundar seu navio a mostrarem o caminho do estanho aos inimigos.

Moeda fenícia


Para afastarem os possíveis concorrentes de seus territórios, os fenícios contavam lendas fantásticas sobre as terras que exploravam; diziam que a Sicília era habitada por gigantes que se alimentavam de carne humana; e que a África era cheia de monstros horrendos.

Utensílios fenícios


Teria esse curioso povo da antigüidade estado no Rio de Janeiro e esculpido uma esfinge na Pedra da Gávea para realizar ali sacrifícios religiosos e sepultar seu rei Badezir muito antes do século 1 da era cristã? Para muitos pesquisadores modernos, a resposta é não.


Pedra da Gávea com a Barra da Tijuca à direita ...

e vista a partir do mesmo bairro carioca


O geólogo Marco André Malmann Medeiros, da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) afirma que as supostas inscrições são falhas geológicas na pedra, resultantes do desgaste dos minérios mais sensíveis ao longo do tempo. Já o antropólogo cultural e professor Francisco Otávio da Silva Bezerra, um dos fundadores do Centro Brasileiro de Arqueologia, afirmou que não há prova científica da vinda dos fenícios ao Brasil.


No outro extremo das explicações relativas aos mistérios sobre a Pedra da Gávea, os membros da Sociedade Brasileira de Eubiose definem o local como um ícone da presença fenícia no Brasil. Outra expressão dos mistérios da Pedra da Gávea é um suposto 'portal' de quinze metros de altura, marcado por uma reentrância próxima ao topo da Pedra, do lado voltado para a Barra da Tijuca. Para muitos místicos, trata-se de um portal que dá acesso à outra dimensão, ou à entrada para Agharta, que seria um império subterrâneo com milhares de habitantes. A revista 'O Cruzeiro', que marcou época na história do jornalismo brasileiro, publicou, em 1952, uma foto em que aparece um suposto disco voador ao lado da Pedra da Gávea.


Entre o ceticismo e a crença de que os mistérios da Pedra da Gávea são marcos físicos e históricos que comprovam teorias sobre a presença fenícia nas américas, olhar para a forma tão particular da Pedra, a partir do oceano ou das areias da orla carioca, deixa a dúvida que, talvez, jamais seja esclarecida pelo simples fato de suas verdades plenas estarem perdidas em algum lugar muito além das primeiras páginas dos livros de História do Brasil, que definem o começo como sendo a chegada das 13 caravelas de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro, em 22 de abril de 1500.

Cássio Ribeiro

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sexta-feira, 16 de maio de 2008

GATO PÊLO CURTO BRASILEIRO: UM FELINO GENUINAMENTE NACIONAL

Vira-latas, ladrão, arruaceiro e barulhento quando acasala durante as madrugadas sobre os telhados das casas formadoras das cidades em todas as regiões do Brasil. Muita gente classifica assim os felinos tão comuns em nossas ruas, praças, jardins e muros, mas o que pouca gente sabe, é que esse tal bichano tão comum no cotidiano Brasileiro é reconhecido internacionalmente pela World Cat Federation, desde 1998, como o Pêlo Curto Brasileiro (Brazilian Shorthair), a primeira raça de gatos tipicamente nacional.


O Pêlo Curto Brasileiro, que já tem até um selo do Correio lançado em sua homenagem, é descendente dos exemplares da subespécie Felis Silvestris Iberica, trazida pelos portugueses a partir do início da colonização. Porém, no Brasil, a espécie desenvolveu um padrão específico e não é mais enquadrada na mesma classificação dos primeiros felinos trazidos da Europa.

Pêlo Curto Brasileiro, ...

uma raça genuinamente nacional

A mobilização para reconhecer nossos gatos como formadores de uma raça específica teve início em 1985, quando o criador Paulo Ruschi, então presidente da Federação Brasileira do Gato, sediada no Rio de Janeiro, organizou equipes de 3 e 4 criadores, para que fossem observadas e relacionadas as características comuns de nossos felinos, a fim de que pudessem ser estabelecidos os padrões que originariam a reivindicação de que o Pêlo Curto Brasileiro pudesse ser reconhecido internacionalmente como uma nova raça.


As pesquisas foram realizadas no Rio de Janeiro, no Ceará e no Rio Grande do Sul. Os criadores andaram pelas ruas e cadastraram 40 gatos, que tiveram estudados a forma do corpo, o nariz, a cabeça, as patas, os olhos, a cauda, o focinho e a pelugem. Apesar da distância entre as regiões onde os bichanos foram observados, muitos aspectos comuns entre as características dos felinos foram constatados. A partir dessas caraterísticas comuns, foram estabelecidos os padrões da nova raça batizada com o nome de Pêlo Curto Brasileiro.


Para que uma nova raça seja aceita como tal, é necessário que características físicas comuns tenham sido transmitidas pelos ancestrais à atual geração, e continuem a ser passadas aos descendestes desta.


Foi observado que as características comuns responsáveis pela classificação de um gato como sendo Pêlo Curto Brasileiro são: peito largo, pernas de tamanho médio e patas arredondadas, cabeça de tamanho médio ou pequeno, mais comprida do que arredondada.


O pêlo é bem deitado junto ao corpo, sedoso, com cores vivas e brilhantes; apresentam cores creme, dourada, castanho clara, cinza, amarelo, preto e mesclado bicolor. Não há subpêlo. O corpo é longo e elegante, sem aspecto excessivamente musculoso.


As orelhas são médias ou grandes, arredondadas nas pontas; sua altura é sempre maior que a largura da base, e são posicionadas acima da cabeça levemente para o lado. A cauda é média ou longa, não é grossa na base e vai afinando até a ponta, que possui característica arredondada.


Os olhos são bem abertos e redondos, com sutil obliqüidade e geralmente combinando com a cor dos pêlos. Alguns gatos brancos da raça podem apresentar um olho de cada cor.


Depois que essas características físicas foram estabelecidas como o padrão da raça, os criadores brasileiros solicitaram à Word Cat Federation (WCF), com sede na Alemanha e representada em 17 países, o reconhecimento internacional do Pêlo Curto Brasileiro como uma nova raça genuinamente nacional. O reconhecimento da WCF não ocorreu num primeiro momento, porém, a Federação Brasileira do Gato (FBG) começou a emitir o Registro Inicial (RI), que é uma espécie de pedigree concedido a novas raças. Gatos de rua que se enquadrassem no padrão estabelecido recebiam o RI da FBG.


Apesar dos esforços iniciais para o reconhecimento de uma nova raça genuinamente brasileira, o número de criadores profissionais era bem pequeno, já que o gato brasileiro, encontrado tão facilmente nas ruas, não tinha expressivo valor comercial.


Em 1997, o criador Paulo Ruschi foi convidado para dar uma palestra para juizes e dirigentes da World Cat Federation, na Alemanha. O estudo foi apresentado e, um ano depois, em 1998, nosso gato "verde e amarelo" foi reconhecido como a raça Pêlo Curto Brasileiro pela WCF, que recomendou que as particularidades físicas da nova raça fossem aceitas como o padrão oficial do gato brasileiro.

A raça Pêlo Curto Brasileiro obedece a um padrão internacional rígido. Sendo assim, nem todo gato encontrado no Brasil é um Pêlo Curto Brasileiro puro. A criadora Sylvia Roris, dona do Gatil Syarte, foi a primeira a exportar exemplares da raça. Ela afirma que o Pêlo Curto é muito dócil com estranhos: "Só o dono pode mudar esse comportamento. Uma pessoa agressiva tem grandes chances de ter um gato da mesma forma", diz Sylvia, e completa contando que eles chegam perto das visitas, pulam no colo, se enlaçam nas pernas e trocam afagos e carinhos.


Sylvia também recomenda que os criadores dêem, além da ração comum, uma porção de ração úmida pelo menos uma vez ao dia, pois como o gato é um animal originário do deserto, às vezes não bebe água e o alimento úmido acaba ajudando na hidratação, sendo excelente para manter a saúde dos bichanos.

Cássio Ribeiro

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sábado, 10 de maio de 2008

COMO OCORREM AS 4 ESTAÇÕES DO ANO

O Sistema Solar é formado por 9 planetas (Mercúrio, Vênus, Terra Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão). Sendo o terceiro planeta deste Sistema na ordem de afastamento do Sol, a Terra está a uma distância média de 150 milhões de quilômetros do chamado Astro Rei.


Nosso Planeta realiza dois movimentos principais. O primeiro é a rotação, que é um giro que a Terra dá em torno do próprio eixo, que liga o pólo norte ao pólo sul do Planeta. A rotação da Terra é realizada a uma velocidade de aproximadamente 1609 quilômetros por hora, o que ocasiona, por meio da força centrífuga, uma sutil deformação na massa da Terra responsável pelo achatamento do Planeta na região dos pólos, e pela dilatação na região da linha do Equador. O Equador divide o imenso Planeta Terra em duas metades, que são os hemisférios norte e sul (hemisfério = metade da esfera).


O movimento de rotação faz a Terra dar um giro completo em torno de si mesma num intervalo de 24 horas, o que ocasiona a contagem de um dia inteiro do ano. Amanhece na região do Planeta que está voltada para o Sol, e quando essa face voltada para Sol for levada pela rotação da Terra ao lado oposto, que está oculto e não recebe a luz solar, será noite nesta região e dia na outra, que também foi levada pelo giro do Planeta à presença dos raios solares. Esse movimento ininterrupto faz a noite chegar por volta das 18h, e o dia clarear às 6 da manhã aproximadamente.

O giro ao redor do próprio eixo ocasiona a alternância entre os dias e as noites na suprefície da Terra

Com a união de várias imagens de satélite obtidas em diferentes momentos, foi possível mostrar toda a superfície do Planeta durante o dia e ...

durante a noite
O outro principal movimento realizado pela Terra é a translação, que é uma longa órbita de 930 milhões de quilômetros percorrida por nosso Planeta em torno do Sol no Espaço, a uma velocidade média de 106.800 quilômetros por hora, o que corresponde a 30 quilômetros percorridos em cada segundo. Para completar um percurso inteiro da órbita em torno do Sol, a Terra demora 365 dias (um ano) e seis horas aproximadamente. A cada 4 anos, as 6 horas excedentes da translação são reunidas num dia a mais acrescentado em fevereiro (dia 29), nos chamados anos bissextos.


O eixo da Terra, que é a linha imaginária que liga o Pólo Norte ao Pólo Sul, é inclinado 23 graus e meio em relação à linha de direção da órbita que o Planeta percorre durante 365 dias em torno do Sol.


A inclinação do eixo terrestre em relação ao plano da órbita percorrida ao redor do Sol em aproximadamente 365 dias
Sendo assim, no dia 21 de dezembro, a Terra está inclinada com o hemisfério sul (onde está o Brasil) mais voltado para a direção do Sol e seus raios. A partir desta data, os dias são mais longos que as noites no hemisfério sul, que também recebe os raios solares num ângulo mais direto e incisivo. No hemisfério norte, onde está a Europa e os EUA por exemplo, os dias são mais curtos e os raios solares mais brandos devido à inclinação da Terra. Logo, o dia 21 de dezembro marca o solstício de verão no hemisfério sul e o solstício de inverno no hemisfério norte.

Devido à inclinação do eixo norte-sul da Terra em 21 de dezembro, o verão abaixo do Equador é marcado pela maior intensidade dos raios solares e por dias mais longos
No dia 21 de março, a Terra continua inclinada, mas sua inclinação fica perpendicular à direção da chegada dos raios solares, já que a linha imaginária que liga o centro do Sol ao centro da Terra passa pelo círculo Equador. Este alinhamento faz os dias e as noites terem a mesma duração (12 horas) a partir desta data nos hemisférios norte e sul. Em 21 de março, é dito que ocorre o equinócio (noites iguais). No hemisfério sul, que caminha para o inverno, o período do ano é chamado de equinócio de outono e, no hemisfério norte, que está a 3 meses do verão, o fenômeno astronômico é chamado de equinócio de primavera.

Com o alinhamento entre o centro do Sol e o centro da Terra, alinhamento esse que passa pelo Equador terrestre, a inclinação do Planeta não influencia na direção dos raios solares, ...
que acabam incidindo com igual intensidade acima e abaixo da linha do Equador (hemisférios norte e sul). O chamado equinócio ocorre em 21 de março e 23 de setembro, e marca o início da primavera no hemisfério que caminha para o verão, e o início do outono no hemisfério em que o inverno se aproxima na ocasião


A ocorrência de nosso equinócio de outono varia entre os dias 19, 20 e 21 de março. A última ocasião em que o outono começou no dia 21 de março foi em 1991. O início do outono irá se alternar entre os dias 19 e 20 de março durante todo o século 21 (2001-2100). O primeiro início de outono em 19 de março será em 2028, e o outono só voltará a ter início no dia 21 de março em 2103.


Em 21 de junho, já tendo percorrido a metade de toda sua órbita em torno do Sol, a Terra está inclinada com o hemisfério norte mais voltado para a direção do Sol e seus raios. Nesta data, as noites são mais longas que os dias no hemisfério sul e, consequentemente, mais curtas que os dias no hemisfério norte. Os raios solares também incidem com mais intensidade no hemisfério norte, e mais brandos no hemisfério sul, onde está o Brasil. A data marca o solstício de inverno no hemisfério sul e o solstício de verão no hemisfério norte.

Em 21 de junho, a inclinação da Terra faz o hemisfério norte receber maior incidência dos raios solares. No hemisfério sul, ocorre o solstício de inverno e os dias (em amarelo), são menores que as noites (em azul), no Brasil por exemplo.
No dia 23 de setembro, a Terra está a um quarto de completar um giro orbital de um ano em torno do Sol no Espaço. Nesta ocasião, novamente a inclinação de nosso Planeta fica perpendicular à direção de incidência dos raios solares. Tal alinhamento faz novamente os dias e as noites terem a mesma duração de 12 horas nos hemisférios norte e sul. Vale lembrar que a duração do dia é medida do nascer do Sol, bem no momento em que a metade da esfera solar está acima do horizonte, até o Por do Sol, quando a metade da esfera incandescente está abaixo da linha do horizonte.

Nas duas ocasiões dos equinócios (21 de março e 23 de setembro), dias e noites têm duração de 12 horas, por ocasião do alinhamento entre os dois hemisférios e o Sol, apesar da inclinação do eixo terestre
Como em 23 de setembro o hemisfério norte caminha para mais um inverno, é dito que, nesta data, ocorre o equinócio de outono no hemisfério norte. Já no hemisfério sul, a três meses de mais um verão, o alinhamento entre os dois hemisférios da Terra e o Sol é chamado de equinócio de primavera.

Um resumo com as 4 situações da Terra durante os 365 dias em que percorre sua órbita em torno do Sol, ...
ocasionando o início das 4 estações do ano para nós do hemisfério sul, como mostra a ilustração acima

Como o ângulo de incidência dos raios solares varia de acordo com a época do ano, as sombras projetadas por elementos verticais também variam de acordo com a estação do ano, como mostra a ilustração acima

Quando o homem percebeu que podia contar o tempo observando o que acontecia no Espaço, a primeira referência foi baseada no ciclo da Lua. Culturas como a judaica, a chinesa e a muçulmana ainda utilizam o ciclo lunar como referência para seus calendários.


Foi o imperador romano Júlio César, em 46 Antes de Cristo, quem percebeu que a relação entre a Terra e o Sol no Espaço era a referência mais exata e fácil para a contagem de um ano completo. Naquele tempo, a duração do ano era adotada como exatos 365 dias e quatro horas, e teve início a prática da inclusão de mais um dia no mês de fevereiro a cada 4 anos (dia 29 dos anos bissextos).


O tempo de 365 dias e 6 horas estabelecido por Júlio César para a contagem de um ano não era exatamente preciso. Havia uma diferença calculada em 11 minutos para cada ano, fato que, com o passar dos anos, começou a gerar atraso em relação a contagem dos anos e o tempo que a Terra leva para percorrer sua órbita em torno do Sol. A diferença entre as datas de início das estações gerava problemas para a agricultura, a pesca e para a referência do início das festas religiosas baseadas no calendário Juliano, instituído pelo imperador Júlio César.


Foi o Papa Gregório 13, escolhido em 1572, quem corrigiu a diferença de 10 dias acumulada desde a adoção do calendário Juliano. Sendo assim, o dia seguinte ao dia 4 de outubro de 1582, foi o dia 15 de outubro de 1582. Na ocasião, foi estabelecido o calendário Gregoriano, que considera 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos como sendo a duração de uma ano.


No século 20, foi verificada também uma diferença anual de 26 segundos acumulada desde a adoção do calendário Gregoriano. É sabido hoje que a duração exata de um ano é de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. A diferença anual de 26 segundos acarretará a necessidade da correção de um dia no ano 4915 de nossa era.

Cássio Ribeiro