A GUERRA FRIA, OS CELULARES E OS JOVENS
Após o fim da II Guerra Mundial, em 1945, o mundo foi dividido em dois grandes pólos de influência política. De um lado, os interesses capitalistas dos Estados Unidos, de outro, a então União Soviética com seu sistema socialista centralizado no monopólio de poder do Estado.
O sistema estatal soviético agonizava e estava praticamente em colapso, mas ressurgiu com força total após a vitória conquistada diante dos nazistas, na histórica Batalha de Kursk, em Stalingrado, em 1943. A ocasião marcou a primeira derrota do todo poderoso e até então invencível exército nazista de Hitler na II Guerra Mundial.
Os nazistas, enfraquecidos, foram empurrados pelos soviéticos de volta para a Alemanha durante dois anos; fato que possibilitou a invasão da Normandia pelos aliados liderados pelos americanos, além do primeiro bombardeio aéreo realizado pela Real Força Aérea Inglesa sobre a Alemanha, desde o início da II Guerra, e que culminou com a rendição dos nazistas e a derrota de Hitler.
Nesse contexto, surge o mundo bipolar simbolizado pela construção do Muro de Berlim, que dividiu o território alemão em duas zonas de influência. A parte leste da Alemanha e da Europa ficaram sob domínio político da União Soviética, e a parte oeste sob o controle capitalista americano. Começa então uma corrida armamentista desenfreada, na qual os dois lados investiram milhares de dólares em armamento, tecnologia de guerra e espacial.
Embora jamais tenham entrado em combate armado diretamente, surge a chamada Guerra Fria, na qual vários conflitos pelo mundo foram financiados pelas duas potências, estando sempre de um lado idéias capitalistas e, de outro, idéias socialistas, como nas guerras do Vietnã e da Coréia por exemplo.
Durante a Guerra Fria, os soviéticos investiram quase todos os recursos financeiros em aparatos bélicos, porém, deixaram a saúde e a economia em segundo plano. Essa política acabou ocasionando a queda da influência socialista no mundo, que foi simbolizada pela derrubada do Muro de Berlim, em 1990, e o conseqüente desmembramento da União Soviética.
Com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos ficaram com todo o aparato tecnológico desenvolvido durante décadas, agora sem muita utilidade prática. Essa tecnologia então foi sendo adaptada como bens de consumo e espalhou-se de forma comercial pelo mundo, como fornos de microondas, internet e aparelhos celulares.
Nos dias atuais, os celulares formam apenas um fator de exportação do entretenimento e da cultura dos EUA, que é responsável pela acumulação de capitais e lucros em escala global, por meio das multinacionais. Essa é a principal razão da idéia de globalização tão em moda ultimamente. O alvo principal do imperialismo cultural dos EUA é a juventude, que é mais vulnerável à propaganda comercial americana. A mensagem é simples e direta: modernidade e consumismo.
Não há aqui a pretensão de pregar contra o uso de aparelhos celulares, que são até úteis e trazem facilidades, conforto e comodidade. O problema se configura quando o uso desses aparelhos torna-se uma obsessão ligada diretamente à etiqueta social, alienando os consumidores para sempre trocarem seus celulares pelo último modelo; fato que ocorre também com diversos outros produtos.
A massa humana então torna-se o principal componente do jogo ideológico do imperialismo cultural, que é norteado pelas relações desiguais entre países com realidades econômicas bem diferentes; nesse jogo, as vantagens são sempre usufruídas pelo país que possui a economia mais forte.
A palavra chave é ‘CONSCIÊNCIA’, ou a falta dela, no sentido de entendimento interno do mecanismo desse jogo. O imperialismo cultural enfoca a juventude não só como um mercado, mas também por razões preventivas e políticas, a fim de cortar pela base uma possível ameaça futura de oposição contra as formas de controle econômico e cultural estabelecidas pelo sistema capitalista atualmente.
Cássio Ribeiro E-mail: zzaapp@ig.com.br
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