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sábado, 1 de março de 2008

ALDIR BLANC: EQUILIBRADO ENTRE A PSIQUIATRIA E A POESIA

"Caía, a tarde feito um viaduto, e um bêbado trajando luto, me lembrou Carlitos"... "Meu Brasil, que sonha com a volta do irmão do Henfil, com tanta gente que partiu, num rabo de foguete"..."A esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar".
Embora o ex-psiquiatra, cronista, letrista e poeta Aldir Blanc tenha mais de 600 musicas gravadas, quase todo brasileiro já ouviu a canção ‘O Bêbado e a Equilibrista’, gravada em 1979, na inconfundível interpretação da nossa saudosa Elis Regina.
Na canção, a letra lírica de Blanc se ‘casa’ com o tom que lembra um clamor triste na voz de Elis. A música transformou-se num símbolo de reivindicação pela abertura política durante o Regime Militar brasileiro. O trecho da letra que fala sobre a volta do irmão do Henfil refere-se ao já falecido sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, fora do Brasil como exilado político na época.
O autor Aldir Blanc nasceu em 1946 e foi criado no bairro carioca do Estácio. Fez sua primeira composição aos 16 anos. Ingressou na faculdade de medicina em 1966 e especializou-se em psiquiatria. Abandonou a medicina em 1973 para dedicar-se à música exclusivamente. Outras canções famosas, nascidas da parceria com João Bosco, são: ‘Bala com Bala’, ‘De Frente Pro Crime’, ‘Caça à Raposa’ e ‘Mestre Sala dos Mares'.
Como escritor, Aldir Blanc publicou o livro ‘Brasil Passado a Sujo’, em 1993. No livro, Blanc se revela contista, poeta e cronista, ao abordar com um misto de aspereza e ternura, alguns personagens dos conturbados cenários carioca e nacional.

TIRADAS DE BLANC

"É no boteco da esquina que arquitetamos nossos projetos mais sublimes, nossos sonhos mais elevados — os mesmos que desmoronam assim que enfiamos a chave na fechadura do que convencionamos chamar residência." Jornal do Brasil, 5/5/2005

"Apesar de seu poder devastador, a morte morre de inveja dos frágeis seres humanos: enquanto os desvalidos acharem graça na desgraça, sua vitória não será completa." Jornal do Brasil, 7/7/2005

"Neto cura ressaca, depressão, unha encravada, vontade de misturar soda caustica no Campari. Até pegar piolho de neto vira uma festa cheia de desdobramentos imprevisíveis. E o vô, já entrando aos tropeços na terceirona, ri, ri, ri, etc." Jornal do Brasil, 23/6/2005

"A tecnologia de ponta já deveria ter inventado o detector de corrupção. Era só passar uma tabuinha com nota de dólares na ponta: os olhos do cara se esbugalhariam e as mãos, ainda que algemadas, procurariam as verdinhas." Jornal do Brasil, 9/6/2005


"Fechada dentro de um taxi, numa transversal do tempo, acho que o amor é uma ausência de engarrafamento." Transversal do Tempo, gravada por Elis Regina

"O pior cego é o que, além de não querer ver o próprio rabo, tenta enfiar o dedo no olho dos outros." Jornal do Brasil, 21/8/1998

"Vocês sabem porque eu ainda não morri? Porque eu leio, porque o dia seguinte trará um novo livro." Jornal do Brasil, 24/6/2005

Cássio Ribeiro. Email: zzaapp@ig.com.br

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